"Estou habituado ao lixo do futebol português" (Sérgio Conceição)
Muito haveria por dizer sobre isto. Fico-me por pouco:
Se está habituado ao lixo, é mau sinal. Não é saudável. Eu, por exemplo, se andar perto do lixo, até porque o cheiro me enoja, tenho a tendência de me afastar, para não ser contaminado. Por isso, se lá ando, é porque, das duas uma: ou tenho interesse nisso; ou está bom assim mesmo.
Outra coisa que deve ponderar é: se está habituado ao lixo, talvez seja porque é um produtor de lixo há muito tempo e/ou trabalha junto a produtores de lixo há muito tempo. Era experimentar mudar de ares. Veria que a distância do lixo melhoraria a sua vida.
Mas não. Está "habituado". Já não faz mal. Não é preciso mudar.
Mais uma vez, António Félix da Costa (saindo da 11ª posição!), deu uma bigodaça ao ex-Formula 1, e competentíssimo J. E. Vergne, vencendo o primeiro E-Prix disputado em África! Uma das corridas mais bem ganhas que já vi, com emoção e adrenalina do primeiro ao último segundo. Um feito!
E é, talvez, a segunda façanha portuguesa na Cidade do Cabo. 535 anos atrás, ainda maior, Bartolomeu Dias e seus marinheiros dobraram o Cabo das Tormentas, transformando-o em Cabo da Boa Esperança, abrindo ao mundo um novo caminho ao Oriente, desta feita pela via marítima. Desta vez, Também António fecha a porta às tormentas que foram o início de época, para começar uma ótima esperança.
Embora não entenda a deusificação dos heróis da bola - entendo sociologicamente mas não logicamente - como é que o Eintracht querer Nuno Santos, a azia de Conceição, a expulsão de Schmidt e o aniversário de Pepe são mais importantes do que um feito digno de ouvir o Hino Nacional a uma escala global?
O Eurosport é, há anos, o canal que melhor promove Portugal. E isso é muito triste.
Estou fartinho de ouvir falar mal do Mundial no Qatar. E porque são as corrupções do Platini e do Blatter, e porque é Inverno, e porque morrem muitos operários, e porque não se respeitam os direitos de mulheres e minorias. Até o Presidente de portugal se "sente" na necessidade de desvalorizar e Gianni Infantino, presidente da FIFA , dá de barato, visto que já tem os olhos no "prémio".
Mas a única e grande questão que se coloca realmente é: Vai acompanhar ou vai boicotar? Tenho para mim que, se todos tivessem a firme convicção de não ver nada deste Mundial, nunca mais se colocariam estas questões.
Como diría Carlos Queiroz, e bem, "No momento em que a bola começar a rolar, ninguém quer saber..."