Um pedido ao CDS
Era bom que o CDS parasse para pensar, percebesse qual o seu papel, e a importância dele, e agisse em conformidade enquanto é tempo. A direita precisa disso. Os eleitores, em geral, precisam disso. Na verdade, a clarificação à direita, que aconteceu com entrada do Chega e da Iniciativa Liberal no Parlamento, é provavelmente a grande novidade política dos últimos anos. As opções à direita estão, agora, definidas com suficiente precisão para, quem assim o desejar, poder votar de acordo com as convicções pessoais. Senão, vejamos:
Quem é liberal na economia e liberal nos valores/costumes vota Iniciativa Liberal;
Quem defende o liberalismo económico, mas nos valores/costumes é conservador, vota CDS;
Quem prefere as ideias conservadoras nos valores/costumes, mas, quanto à economia, tem simpatias estatizantes (os populismos são sempre estatizantes), segue a opção Chega.
Desta forma, e de um modo geral, o espectro da direita está preenchido. E isto é bom para ela, porque a clareza de ideias alarga o leque de opções. E é bom para os eleitores, porque podem pensar e decidir o voto segundo os seus princípios e convicções, deixando para lugar secundário a personalidade dos candidatos e os fait-divers lançados na comunicação social.
O que acontece atualmente no CDS é um passo atrás nesta clarificação: um partido conservador/liberal não se comporta assim. Por isso o meu pedido. Arrumem a casa, que ainda há tempo, e vão às legislativas com a compostura inerente aos princípios que dizem defender.