Porque corro (4/5)
Dá-me espaço.
Há quem goste de correr acompanhado. Há quem goste de correr com música nos ouvidos. Eu prefiro correr sozinho e ao som ambiente. Sobretudo porque me dá espaço, permite-me ficar a sós comigo. Engata-se o AFM (Até ao Fim do Mundo, ou seja, aquele passo nem rápido, nem lento, que parece ser possível manter indefinidamente) e a mente liberta-se. Ritmo rápido demais, o esforço e o oxigénio em falta não permitem a concentração. Ritmo lento de demais, a preguiça e uma espécie de impaciência tomam conta do pensamento. Mas no ritmo adequado a mente liberta-se e, longe as fontes de distração e das interferência, as ideias tornam-se mais claras e mais nossas, por assim dizer. Um colega meu dizia que ia correr de manhãzinha e ficava com o dia organizado. Na altura eu ainda não corria e não percebia o que ele queria dizer. Agora percebo. Esse tempo só nosso, aliado a algo libertador que existe no exercício físico (em AFM), ajudam-nos não só a organizar a agenda e desenredar problemas como, também, aguça a criatividade.