O Dia em que as Todas as Claques do Mundo Foram Humilhadas por Crianças de 10 Anos
Durante todo o jogo não foi raro, após uma falta, o adversário pedir desculpa, cumprimentar e ajudar o outro a levantar. Quer de uma equipa, quer da outra. Um mundo muito à parte, portanto. E num derby!
Vi e revi algumas vezes na Sporting TV. Tirei fotos à televisão para meter aqui. Hoje de manhã vi o melhor momento de futebol em toda a minha vida num jogo de "benjamins".
Após um bom cruzamento da ala direita, o avançado do Sporting, à queima-roupa, remata com intenção para golo. No enfiamento da camera que filma o jogo, a bola parece embater na mão do defesa do Benfica.
Os espectadores de televisão, comentador e árbitro (todos) são peremptórios: É penalty! Mas Rodrigo chora e diz que não. O árbitro não se fica e vai ter com os jogadores do Sporting. Forma-se um rebanho de benjamins à sua volta. Dinis explica com palavras que não ouvimos, e com gestos que não esquecerei, que foi na cara que Rodrigo levou a bolada e não na mão. O árbitro volta a trás com a decisão e dá um cartão-branco a Dinis. A única vez na minha vida que vi a amostragem de um cartão-branco, cartão pela positiva, aplicável a jogador exemplo de fair-play. Rodrigo cumprimenta Dinis. As equipas técnicas bem podem estar orgulhosas do seu trabalho. No fim todos ficam bem e tudo vai ao lugar: Rodrigo chora, não porque é um chorão, mas porque as crianças vítimas de injustiça choram e isso faz todo o sentido; O árbitro procurou a verdade desportiva e considerou a realidade mais importante do que os seus próprios olhos soberanos sem VAR; O comentador rejubilou com o acontecimento até ao fim do jogo e desvalorizou o resto, em vez de manter a sua primeira visão; Os espectadores como eu voltaram a ter esperança no desporto; e, acima de tudo, Dinis considerou a verdade mais valiosa do que o resultado do jogo.
- E o resultado final?
- O resultado final?! Mas o que é que isso interessa?...