Escrever ou não escrever?
Só na última semana, como amostra.
O Homem deve descer do pedestal e voltar ao seu lugar de “uma entre muitas espécies”, assim proclama, em congresso, o PAN, exibindo, ufano, e para quem tivesse dúvidas, o seu materialismo pagão.
Uma escultura invisível (traduzindo: ar) vendida por 15.000 euros. Golpe publicitário? Lavagem de dinheiro? Talvez. Mas as elucubrações artístico-filosóficas que se lhe juntam mostram que a desfaçatez está de rédea solta e já ninguém parece dar-se ao trabalho de lhe dar luta.
Um amigo que troca argumentos sobre a eutanásia no Facebook, e, sem motivo aparente, porque não usou termos inapropriados, é ameaçado de bloqueio pelo gestor da página (algoritmo?). Conclui que a razão só pode ser o facto de estar contra. Censura, a chegar cada vez mais perto.
Leio, vejo, sei, e pergunto-me se vale a pena escrever sobre os assuntos. Às vezes, não escrever pode ser uma forma de resistência. Uma forma de dizer que a vida é muito mais do que isto, do que nos é mostrado nas “janelas” da televisão e do computador. A vida é mais do que isso. Por outro lado, não escrever é deixar passar sem oposição uma invasão que promete muita coisa má. É fazer como o jornalista que fala da estátua invisível sem uma ponta de ironia ou de contraditório, como se o assunto fosse normalíssimo.
Escrever ou não escrever?
Tento o meio termo: de vez em quando, vou deixando umas notas.