Em campanha - os comentadores
Os debates televisivos que marcaram a pré-campanha - e seguramente a campanha que agora entra na reta final - trouxeram para primeiro plano a figura do comentador. De facto, enquanto o candidato em debate não chegava a ter 15 minutos para ser ouvido, o espaço de comentário que se seguia extendia-se com facilidade por duas ou três vezes esse tempo. Isto veio realçar o papel do comentador. E mostrar como muitos deles, ao melhor estilo dos congéneres do futebol, estavam mais empenhados em servir como caixa de ressonância da sua "cor", debitando ideias e sound bites previamente acordados, do que em comentar o que tinha sido dito. Isto foi de tal forma que muitas vezes me interroguei se o comentador tinha visto o mesmo debate que eu.
Perante esta realidade, que, obviamente não é de agora, e tendo em conta o que nos vão dando as sondagens, uma das novidades que estas eleições nos poderão trazer é a renovação do panorama comentadorístico televisivo. Na verdade, se Chega e Iniciativa Liberal se colocarem acima, ou ao nível, de bloquistas e comunistas, terão toda a legitimidade para reclamar "tempo de antena" nesse espaço vital na disputa pelo poder - como vimos acima. E esse acesso ao púlpito mediático irá provocar uma rearrumação de forças que, em minha opinião, favorecerá as novas vozes e prejudicará as que já lá estão e terão de ceder espaço. Este acesso ao espaço de comentário será mais um contributo para consolidar a mundança que parece estar em curso.