A fábula e a realidade
Uma fábula criada pelo grego Esopo (século VII a.C.), recontada pelo francês La Fontaine (século XVII d.C.) e adaptada, em verso, pelo português Bocage (século XVIII d.C.). A sabedoria dos séculos explicando o que aí vem, depois de superada a pandemia, e aconselhando-nos, pela milésima vez, a mudar de caminho.
Tendo a cigarra em cantigas
Passado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso estio.
- "Amiga", diz a cigarra,
- "Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes d'agosto
Os juros e o principal."
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
- "No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: - "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
- "Oh! bravo!", torna a formiga.
- "Cantavas? Pois dança agora!"
Na verdade, em alturas de crise, é melhor estar num país rico e com baixa dívida pública do que num país pobre com uma grande dívida pública (leiam o texto, vale a pena pelas ideias e pelos factos claramente expostos). O inverno, as crises, as catástrofes, os acidentes, as “vacas magras” (o texto bíblico também nos ensina sobre o assunto) são realidades que devem ser tomadas em conta e precavidas. Pelas famílias e pelos governos.
Contem esta fábula às vossas crianças. Nesta altura, é uma das formas possíveis de ter esperança.