Andava há uns tempos há procura destes números, curioso para perceber a sua real dimensão. Encontrei-os aqui, e, confesso, superaram as minhas piores espectativas.
Em 35 anos de União Europeia (ou CEE, como se dizia antigamente) Portugal recebeu 124.830 milhões de euros. Ou seja, e fazendo as contas por dia, aos longos destes 35 anos, “pingaram” em Portugal, vindos da Europa, 9,77 milhões de euros diários. Todos os dias, quer fizesse sol, quer chovesse, quer fosse dia útil, quer fosse fim-de-semana ou feriado, recebemos quase 10 milhões de euros da Europa. Verdadeiramente um país de mão estendida, como titula o autor do post.
Se a isto juntarmos, também em registos alcançados no final destes 35 anos, o brutal endividamento do Estado, em recorde absoluto, e a brutal carga fiscal sobre os contribuintes, também em recorde absoluto, ficamos com uma noção mais clara do rumo que tomámos como país e do que nos aguarda, já ali à frente. Não só “torrámos” grande parte do dinheiro vindo da Europa (uma porção, ainda que pequena, foi bem aproveitada, reconheça-se), como nos endividámos “como se não houvesse amanhã” (expressão perfeita para aqui), e, ainda sedentos, depois de tanto fundo e tanta dívida, carregámos sobre aqueles trabalham e não podem fugir – os contribuintes (sobretudo os da classe média). Resumindo: esbanjamento (nos fundos), irresponsabilidade (na dívida), e cobardia (com os contribuintes). Um quadro pouco abonatório para nós, como país, mas, sem dúvida, realista, olhando a frieza dos números.
Ser bairrista é dizer que “Mira-Sintra contribui com 18,2 % dos jogadores para a vitória de Portugal no primeiro jogo no Europeu 2020”. Ou, num exercício ainda mais tendencioso, que “Mira-Sintra e o resto de Portugal vencem a Hungria por 3-0”. Na verdade, dois dos jogadores do onze inicial da seleção portuguesa, que ontem bateu a Hungria no primeiro jogo no Europeu, cresceram em Mira-Sintra – William Carvalho e Ruben Semedo. Portanto, não minto, no meu bairrismo, quando faço tais afirmações, ainda que, reconheço, a objetividade não saia muito bem tratada.
"(...) Início do jogo, com a Bélgica a manifestar-se contra o Racismo, algo que a Rússia não fez, no lançamento da partida, o que motivou assobios pelos adeptos belgas presentes em S. Petersburgo." (O comentador da SportTV+, no resumo do Bégica - Rússia.)
Vivemos um tempo de pré-fascismo acelerado. Outrora, "fascismo" estava conotado com a Direita. Porém, hoje, essa forma de impor ideias pela força parece vir de qualquer lado. Os extremos das Esquerdas nunca foram tão parecidos com os das Direitas, lembrando a Europa de há 80 anos atrás. A Europa na herança de Stalin, Hitler e outros ditadores.
E o futebol (futebol como exemplo óbvio - há outros menos óbvios mas porventura mais importantes) mostra e demonstra há muitos anos a sua rendição ao fenómeno de forma caricatural. Será que se pode abominar o Racismo sem ajoelhar antes de entrar em campo? Para eles, pelos vistos, não, não é uma questão política. Pessoalmente, eu, pessoa que abomina o Racismo, não ajoelharia. Essa é uma aberração formal conotada com uma demonstração POLÍTICAmente, ideologicamente correcta e não como um valor moral. Explico: o mesmo jogador (seja de que cor for) que ajoelhar contra o Racismo poderá muito bem ser aquele que fará cinco faltas (caneladas, puxões, empurrões à margem da lei), simulará agressões por parte do adversário e lá mais para os 82 minutos chamará nomes a alguém (seja de que cor for) no intuito de mexer com a cabeça e dessa forma tirar proveito desportivo ou, simplesmente, ofender. Assim, porque neste assunto é a Política Ideológica que está em guerra com a Moral, numa tentativa velada da sua aglutinação, passou a ser mais importante a demonstração política de que "nós é que estamos certos", do que fazer aquilo que deve de ser feito.
Por tudo isto, a UEFA dá um tiro no pé, ridículo e gigantesco (mas politicamente correcto, claro) de dizer que as camisolas da Ucrânia têm de ser alteradas. Parece que tudo aquilo já tem motivação "claramente política". E isso não pode ser.
Se a minha selecção tiver uma camisola a dizer Sagres, mesmo que essa marca (e as outras todas do género) contribuam indirectamente para mortes na estrada, violência doméstica e maus hábitos em jovens, tá tudo bem. Mas se um país se motiva desportivamente como bem entende...
Volto ao princípio, à questão da Política e da Moral. E se Portugal for campeão? Banirão o hino centenário porque diz "Às Armas, Às Armas"? Desconfio que lá chegaremos. "Ou mudam o hino, ou não entram no Euro." Infelizmente, como vai a coisa, desconfio que mudaremos o hino. Ou seja, ajoelharemos.
Estou como o Pedro quando partilha a sua dúvida se valerá a pena continuar a escrever.
Vejo melhor hoje o país político e público e percebo, um pouco por todo o lado, o grupo do Regime, os inimputáveis titulares de cargos públicos a quem não não chega a responsabilização e que poderiam pertencer muito bem aos quadros de uma qualquer ditadura.
Mortes não contam: Pedrógão Grande, Incêndios e SEF. Corrupção também não: Tancos e as Golas anti fogo. Presidentes importantes não falham: Medina num primeiro momento, aquando da loucura imoral dos festejos dos sportinguistas, justificando de ar confiante com um email que não seguiu, e agora, num segundo, espantado com a atitude dos seus serviços na entrega de dados pessoais de participantes em manifestações a Moscovo, Pequim e Tel Aviv.
A redação para a História será escondida, como com Salazar, ou, no máximo, ficará tudo como meros lapsos inconsequentes, como meras coisas que correram menos bem em governações extraordinárias.
O certo é que o PS aí está na frente das sondagens e Medina vai ganhar a corrida à Câmara. E o drama maior é que se ouvirá, tal como se já se ouviu em relação ao país, um "Os lisboetas mostraram nas urnas que não havia culpa a atribuir" como pano molhado a apagar cadastros.
Somos um país de admiradores e perpetuadores de Isaltinos. De que vale escrever sobre isso?
É que, por outro lado, e perante o que se vive, de que vale falar sobre a subida da vontade manifesta em sondagens em eleger gente de pulso forte que ponha isto na ordem? Realmente: o que acontecerá quando o Chega, e os outros que aí virão, tiverem 40, 50 ou 60 deputados porque o partidos tradicionais fizeram com que se deixasse de acreditar na sua honestidade?
A responsabilidade política e de gestão pública é escrita a giz. É isto que tenho aprendido e não s ei mesmo se vale a pena falar sobre isso.
O Homem deve descer do pedestal e voltar ao seu lugar de “uma entre muitas espécies”, assim proclama, em congresso, o PAN, exibindo, ufano, e para quem tivesse dúvidas, o seu materialismo pagão.
Uma escultura invisível (traduzindo: ar) vendida por 15.000 euros. Golpe publicitário? Lavagem de dinheiro? Talvez. Mas as elucubrações artístico-filosóficas que se lhe juntam mostram que a desfaçatez está de rédea solta e já ninguém parece dar-se ao trabalho de lhe dar luta.
Um amigo que troca argumentos sobre a eutanásia no Facebook, e, sem motivo aparente, porque não usou termos inapropriados, é ameaçado de bloqueio pelo gestor da página (algoritmo?). Conclui que a razão só pode ser o facto de estar contra. Censura, a chegar cada vez mais perto.
Leio, vejo, sei, e pergunto-me se vale a pena escrever sobre os assuntos. Às vezes, não escrever pode ser uma forma de resistência. Uma forma de dizer que a vida é muito mais do que isto, do que nos é mostrado nas “janelas” da televisão e do computador. A vida é mais do que isso. Por outro lado, não escrever é deixar passar sem oposição uma invasão que promete muita coisa má. É fazer como o jornalista que fala da estátua invisível sem uma ponta de ironia ou de contraditório, como se o assunto fosse normalíssimo.
Escrever ou não escrever?
Tento o meio termo: de vez em quando, vou deixando umas notas.