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Small Church

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As Chaves de Casa

Imagine que um americano o abordava na rua. Dizia-lhe que limparia a sua casa, de graça, e que a única contrapartida seria dar-lhe a sua chave de casa. Dizia-lhe que a única intenção era de que a sua vida fosse mais fácil. Aceitaria? Imaginemos que sim. Você tinha a noção de ser um grande risco, mas como não tinha muito tempo para limpezas e muitas pessoas do seu conhecimento até tinham feito o mesmo com sucesso, aceitava.

Era mesmo verdade. O rapaz a quem você deu a chave limpou a casa e bem! Ao chegar tinha um cheiro a fresco e tudo estava arrumado e limpo. Sem batota. Funcionava assim lá no bairro com toda a gente.

Depois desse bom entendimento, ele propôs-lhe outra coisa. Agora limparia o sotão, a garagem, as escadas, o carro e ainda com o bónus de lhe tratar dos cães e dos gatos. Só havia um catch: você forneceria chaves para os amigos do rapaz. A saber, um chinês, um coreano, um inglês, um russo e, quem sabe, alguns outros da sua confiança. Bem, nessa altura, você hesitaria bastante, mas dada a credibilidade dos anteriores trabalhos entre amigos, acabaria por fazer um monte de chaves para dar a toda a gente.

E as coisas mudam. O tempo passa e você fica com vida para tudo. Os seus fins de semana tornam-se mais divertidos e até o trabalho tem corrido melhor. A sua vida social nunca foi tão boa e os culpados são os tipos que a isso se propuseram. O facto de que as suas chaves de casa andam por aí em quantidades que desconhece deixa de o preocupar. Os resultados importam mais que isso. Seja qual for o preço.

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É claro que esta história não faz sentido nenhum. NINGUÉM no seu perfeito juízo daria a chave de casa a um estranho por qualquer que fosse a razão. Muito menos faria cópias para outros que nem sequer conhece.

Mas isso leva-me a uma questão um pouco mais profunda e com a qual talvez nos identifiquemos um pouco melhor. Se não daria as chaves de casa a um estranho, porque razão dá as chaves da sua vida à Google, ao Facebook, Instagram, Youtube, Twitter e muitos, muitos outros que tudo o que querem é limpar-lhe a carteira? E como limpam! Tudo o que pedem em troca é saber tudo sobre a sua identidade. Como vive, como se comporta, como compra... Que religião, idade, cor, cor política, hábitos morais e tudo o que possa identificar QUEM É.

A velha ideia de que "mas eles acabam por saber tudo, quer lhes dês, quer não dês" não pega. Até pode ser que o resultado seja o mesmo, mas uma coisa é assaltarem-me a casa; outra bem diferente é dar as chaves de casa ao ladrão.

Investigue, ou não. Já nem vou pelo argumento do lucro anual destas empresas e do quanto moldam as sociedades e até governos. Para já faz-me mais comichão a forma como estes estranhos com interesses obscuros moldam famílias, hábitos familiares e personalidades. Eles aprestam-se, mais do que nunca, a tomar conta das nossas casas e dos nossos seres. Chegará o dia em que abriremos a porta e a casa estará limpinha, mas não da forma como comecei o texto...

Então, é tarde demais. Já lhes demos as nossas paredes e eles poderão fazer a festa que bem entenderem com as nossas famílias. Com a nossa permissão.

Sporting Campeão 20/21 - Nunca Acreditei

Agora há muitos que dizem "eu sempre acreditei". Pois eu, não. Nunca acreditei. Achei que nunca um bom jovem treinador bem intencionado, sem dinheiro para gastar, sem um presidente sacana que saiba da poda, rodeado de alguns cotas e desconhecidos, mais uns putos, mas é que em nada que qualquer confluência cósmica pudesse engendrar, tivessem a mínima hipótese.

Porém, tudo o que queria era estar enganado. E estava. Passei o ano todo a dizer "só acredito quando estiver no Marquês". E assim foi, apadrinhado pelo meu amigo Joca. Para meu prazer e surpresa, falhei o prognóstico redondamente. Somos, com todo o mérito, campeões!

https://vimeo.com/549496963

Faz mais de um ano que o Sapo deu destaque a um post que escrevi. Mesmo falhando a previsão sobre a conquista de um campeonato logo no ano seguinte, acertei em bastante. Desafio os críticos de então a reverem posições e engolirem as suas ironias. Dias Ferreira, com um enorme fair-play fê-lo. Mas, afinal, quem é que realmente perde e ganha nisto tudo?

Antes de mais, quem ganha é o Sporting. Prestígio, estatuto, dinheiro, plantel, "mística" e, claro, um campeonato. Ganha Amorim, afinal das contas baratinho, talvez a ponta de todo o iceberg, mas também os jogadores e os adeptos. Quem perde? À cabeça, o "Dinheiro". Afinal, dinheiro, motor do futebol-indústria, não compra tudo, nomeadamente a vontade de correr.

Mas, e cabeçorra? Quem fica com uma cabeçorra de não conseguir caber nas portas? Bem, o prémio melãozorro do ano vai para Sérgio Carroceirão. Este treinador é, provavelmente, o mais medíocre de que me lembro de alguma ter treinado o FCP. Tudo o que ganhou foi por demérito dos rivais, e não pelas suas grandes tácticas ou sabedoria. Pelo contrário, perdeu campeonatos com planteis melhores todo o resto do tempo e o mesmo para Taças de Portugal. Por mim, tal como o seu bolorento presidente, o que desejo é que "fique por muitos e bons anos". Essa será, mais tarde ou mais cedo, a garantia de sucesso de todos os rivais. No fim de tudo isto é uma bela joelhada nos dentes na falta de educação, ódio, arruaceirismo, e valores rasteiros.

Por falar em ódio e arruaceirismo, quem se finou? Bruno Carvalho e seus juvinhos barulhentos. Se não comemorou, é sportingado. Se comemorou admite que aquela cadeira não é sua. Decisão difícil. Graças ao malfadado vírus, o SCP não jogou fora a época toda, ao contrário da anterior. Como se provou, o modelo de um clube como como os maiores da Europa pode ganhar "assim", em grande nível, como acaba de fazer. Por isso, a coisa que mais mudou foi a bofetada de luva branca que o arruaceirismo levou. A Elevação, espero, veio para ficar. Desta vez posso comemorar.

Por fim, quem ganhou mais? Bem, o grande vencedor foi, claramente, Frederico Varandas. Até aqui chegar comeu o pão que o diabo amassou. Mas chegou e tem mérito. Em menos de três anos, o SCP já ganhou todos os troféus que havia para ganhar no futebol nacional, em alguns casos mais do que um. Mais formação em alta. Nas modalidades, então, nem falar... Parece-me, de longe, o presidente mais ganhador de sempre. Ainda duvidam? É só fazer contas.

Visto tudo isto só lamento a perda de Maria José Valério que não pôde ver isto e, momentaneamente, a falta da Joana Cruz. Volta depressa, Joana. Vamos ganhar títulos juntos?

https://www.youtube.com/watch?v=wJ2prEKx3_Y

A Roménia aqui tão perto

A caminho do socialismo, como propõe o preâmbulo da Constituição portuguesa, fica o aviso de quem já passou por ele.

"No mundo em que cresci, todos tinham casa e emprego garantidos, acesso a educação e saúde. Mas as casas eram todas iguais (igualmente más), os salários nada tinham a ver com o valor profissional, e a saúde era gratuita apenas em teoria porque, na prática, os serviços eram prestados a troco de “ofertas” em dinheiro ou bens e primava pela falta de medicamentos básicos e equipamentos. Iniciativa individual? Desencorajada. “Eles fingem que nos pagam, nós fingimos que trabalhamos”, era o ditado daqueles tempos."  

Vale a pena ler o texto todo (é curto).  E parar um pouco para pensar, ponderar, no que está escrito. Se não por nós, que talvez achemos que já temos a nossa conta, pelo menos, e como diz a autora, pela herança que vamos deixar aos nossos filhos.

 

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