Era uma informação que eu procurava há algum tempo. Qual o impacto da concentração de meios do Serviço Nacional de Saúde no combate à epidemia? Obviamente que os números terão que ser confirmados mas, como primeira abordagem, parecem-me importantes. O gráfico é de leitura simples. A verde o número médio de mortos em Portugal, tendo em conta os anos de 2009 a 2019, no período entre 1 de março e 29 de julho. A vermelho o excesso de mortalidade nesse mesmo período no presente ano, ou seja, o número de pessoas que morreram acima da média dos dez anos anteriores. A amarelo a mortalidade causada pelo covid (fonte aqui).
O que salta mais à vista é o excesso de mortalidade, excesso ainda mais realçado quando comparado com as mortes atribuidas diretamente ao virus. Os mais de dois milhões de consultas canceladas, as quase cem mil operações adiadas, o medo instigado para afastar as pessoas dos centros de saúde e dos hospitais terão alguma coisa a ver com esta hecatombe? Por outras palavras, terão morrido mais pessoas da "cura" do que da doença? A resposta parece ser sim mas, como disse acima, é uma primeira abordagem. O importante é que esta informação seja trabalhada e se torne disponível.
Na ciclovia, ao fim da tarde, aproveitando a fresca, cumpro a corrida agendada. À minha frente caminham duas senhoras e um miúdo. Aproximo-me. A uns vintes metros, o miúdo, de quatro ou cinco anos, pára - as mulheres, distraídas na conversa, continuam. Olha para o chão, inclina-se, mãos nos joelhos sustentando o tronco, e fixa a atenção num pontinho negro que vai atravessando a ciclovia: um escaravelho. “Ah, a curiosidade infantil… o genuíno prazer da descoberta…”, exulto comigo, já a chegar perto. Mas o pensamento não dura três segundos. O miúdo endireita-se, ergue o joelho num angulo de noventa graus e a sandália desaba, crocante, sobre o inseto. Quando passo por ele levanta de novo o pé para repetir o golpe. Cruzo-me com as senhoras, que entretanto pararam e chamam pelo rapaz, e sigo. Durante cem metros tento elaborar algo sobre a cena mas não consigo ir além de um ausente “pois…”.
Um casal toma a responsabilidade de educar os filhos. Assuntos como sexualidade, género, interculturalidade, meio ambiente, globalização, entre outros, são assumidos como sua competência. O Estado, através da escola pública, não concorda. Para além da instrução propriamente dita, quer também controlar a educação, quer definir os valores e os princípios ensinados aos adolescentes. Os pais contrapõem o artigo 36º da Constituição da República Portuguesa que refere expressamente que “os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos”. O Estado não quer saber e, por despacho do Ministério da Educação, obriga os filhos do casal, alunos excelentes, integrantes do quadro de excelência da escola, a retroceder dois anos letivos e a frequentar a disciplina de doutrinação do Estado, denominada Cidadania e Desenvolvimento.
Acontece em Portugal, neste julho de 2020. Podem encontrar mais pormenores aqui e ver uma entrevista do pai aqui. Mais do que isso não há, o silêncio cúmplice da comunicação social é absoluto.
Sejamos claros: por cá, a liberdade já viveu dias melhores. No tempo da outra ditadura cantava-se “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”. Parece-me que o caminho volta a ser por aí. Seja assumindo as responsabilidades como pais, seja escrevendo um post no blog.
- “A civilização com memória de peixe”. Leio o título de relance (lá está…), na página online de um jornal e parece-me uma boa definição para o tempo em que vivemos. Guardo a nota e continuo página abaixo, a atenção engodada pela expectativa de mais novidades, e acabo por me esquecer de voltar ao artigo. Reencontro o título mais tarde, em nova passagem pelas notícias (a terceira ou quarta do dia), e, desta vez, leio o texto sob o título. Fala, de forma sucinta, do permanente online em que vivemos e dos efeitos nocivos que essa sobreligação causa na memória, no discernimento e na liberdade pessoal. “Memória de peixe” refere-se à dispersão a que somos continuamente estimulados – segundo os entendidos, a memória do peixe dura poucos segundos. A nossa atenção está sempre a saltar, daqui para ali, dali para acolá, não permitindo tempo nem para refletir nem para ponderar. Torna-se essencial parar e conceder uma oportunidade à concentração. Concentração vs. dispersão. Offline vs. online. Pensem nisto. Tentem. Eu vou tentar.
- As camarinhas, umas bagas brancas, às vezes doces outras vezes mais amargas que doces, que eu apanhava em miúdo no pinhal de Leiria, junto a Água de Madeiros, sobretudo na rampa que descia para a praia, as camarinhas, para além do mais, parece que “têm propriedades anticancerígenas”. As boas memórias que guardo dos acampamentos em Água de Madeiros comprazem-se com esta informação.
Tempos de censura. Exercida de forma direta ou induzida (autocensura). O objetivo é impor uma ideologia global sem ter que passar pelo escrutínio democrático. A minoria dominando a maioria através do silenciamento das vozes dissonantes. Uma das maneiras de concretizar esta censura é a subjetivação das palavras e dos critérios. Por exemplo, a expressão “discurso de ódio”, que vem fazendo caminho na academia, nas redes sociais e nos meios de comunicação, e vai chegando agora aos órgãos de poder do estado. O que significa “discurso de ódio”? Na prática, pode significar quase tudo. Desde as palavras que realmente exaltam o ódio até à simples e urbana discordância. Partindo da lógica maniqueísta de que quem não acata a ideologia está a favor do mal que a ideologia pretende combater, e se está a favor do mal está a favor do ódio, então quem não concordar, ou levantar objeções ou sugerir alternativas, pode facilmente caber no saco grande e vago do “discurso de ódio”. A mesma subjetividade aplica-se às palavras. Eu digo “verde” mas se esse “verde” não se encaixa na retórica imposta pela ideologia então é denunciado como “amarelo” (o critério subjetivo permite-o) e eu passo a ser avaliado pelo ”amarelo” que nunca proferi.
A liberdade não subsiste sem objetividade. Nas palavras, nos critérios com que avaliamos e somos avaliados; na valorização do conteúdo concreto, não da forma ou da intenção; no julgar o que cada um faz e não o que cada um supostamente é. Por isso, pela liberdade, o título deste post. Resistir à censura, direta ou induzida, não deixando de afirmar as convicções, por mais prosaicas que pareçam. É o mínimo que posso fazer.
O Presidente da República diz-nos que foi apresentado um estudo que parece demonstrar que não há ligação entre o transporte ferroviário região de LVT e o surto pandémico.
Aquele “parece”! A leviandade daquele "parece" é formidável!