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Small Church

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Sociologia em Alta

Acabo de ver mais um episódio de Columbo e, como sempre, faço um zapping. Percebo. O Porto fugiu de vez, para cima, o Benfica perdeu de novo e, por consequência, o treinador já não tem condições para continuar.

Para mim, diría que tudo isso é normal, que o futebol é assim mesmo e adeus até para o ano. Mas os canais nacionais de televisão, que vivem de publicidade, não podem dar-se ao luxo de pensar como eu.

 

Gostaría de ficar pela noite dentro a preencher boletins clínicos psiquiátricos acerca dos comentadores que não conseguem esconder a clubite, de jornalistas exaltados tanto quanto malcriados sem a mínima noção da sua missão, e lucubrações de totós com tarjas, à espera do autocarro do slb para ofender Lage uma última vez ou mesmo mandar uma perda ao Mercedes.

Tudo numa tentativa de tentar entender o que se passa na cabeça desta gente.

Mas não posso. Tenho de ir para a cama, que amanhã é dia de pica-boi.

Posts que envelhecem bem

Há uns tempos, logo no ínicio, escrevi sobre o vírus como um mau argumento de filme série B de Hollywood. Infelizmente, veio a demonstrar ser mesmo, embora mais discreto e incapaz de arranha céus destruídos com a cauda, um monstro ainda pior do que o Godzila.

Passados cinco meses oiço na rádio, logo pela manhã, que os especialistas nacionais anunciam uma segunda vaga. Ao contrário do que o Governo e Presidente da República apregoaram à boca cheia nas aparições públicas mais oleosas da História de Portugal, não existiu nenhum milagre português. Fomos capazes, isso sim, do reverso de milagre, como o jornal Público anuncia hoje ao informar que o Governo está a pensar em voltar atrás em 19 freguesias da Grande Lisboa , implementando o dever de Recolhimento.  

Saberemos que estamos condenados quando o governo começar a descartar qualquer responsabilidade política de um segundo, e mais forte, surto a surgir. Quando as pessoas são responsabilizadas pelos governantes sabemos que a tragédia está do outro lado da porta que acabou de se abrir.

 

Os princípios de Marcelo Rebelo de Sousa

Acerca do aumento de casos de infeção com o vírus nos últimos dias, o Presidente da República afirmou, no domingo passado, que “se há minorias, qualquer que seja a idade, que criam problemas à generalidade dos portugueses e não cumprem as regras, terá de se aplicar as regras e o rigor será tanto maior quanto mais for a necessidade de ser rigoroso”.

As palavras de Marcelo Rebelo de Sousa andam um pouco gastas, tantas são as intervenções presidenciais a propósito e a despropósito de tudo e de nada. Sim, usadas, e talvez por isso passem sem grande atenção. Desta vez, no entanto, reparei nelas. Não tanto pela mensagem que pretendiam passar mas pela transparência dos valores que as produziram.

Reparem: para o Presidente de Portugal o rigor não é um princípio virtuoso que serve a justiça, pilar essencial da sociedade humana, mas, antes, um castigo, neste caso um castigo usado para proteger os privilégios da elite (a tal casta). Ajuntamentos de milhares no 1º de maio da central sindical que apoia o governo, ou de ativistas em manifestações "politicamente corretas", ou em espetáculos de humoristas do regime? Zero problemas, zero rigor. Ajuntamentos de outros irresponsáveis, nomeadamente jovens? Problemas seriíssimos, rigor neles, que isto assim começa a descambar. Enquanto os privilégios estiverem do lado certo e forem respeitados, fecha-se os olhos e esquece-se o rigor. Se começam a “cair na rua”, com demasiada gente a querer agir como a minoria favorecida, então vai-se buscar a lei e ameaça-se com a sua dureza.

Na minha opinião,  Portugal precisa muito de um Presidente com outros princípios.

Plano de Voo

O novo livro do João, desta vez em formato ebook, fala de Mira-Sintra, no seu começo, do Mundial de 82, dos tempos pós-revolução e de outras memórias de há quarenta anos. Chama-se Plano de Voo e, para além do enquadramento histórico, está muito bem escrito. Garante-vos que vale a pena ler. Podem comprá-lo aqui (o preço não podia ser mais acessível).

Boa leitura.

O que fica?

Um dos principais objetivos do Mal é que lhe respondam da mesma moeda. Que entrem no seu território e se submetam às suas leis. Quando isso acontece o Mal rejubila e diz:

- Mais um para a causa!

A violência indiscriminada, a censura, a deturpação e manipulação da informação consumida pelas massas, o egoísmo dos projetos pessoais ou grupais, não vão resolver o problema do racismo. A onda turbulenta vai passar, em breve outro assunto prenderá a atenção global, e o que ficará destes dias será, sobretudo, ressentimento. Em todos os lados. Uma nova bomba pronta a explodir, que o Mal terá todo prazer em deflagrar quando achar mais conveniente.  

Vítimas e Vítimas

A todos os meninos do côro que picham a casa de todos e que pensam que são "vítimas", parabéns por terem acordado a besta do oportunismo e dos verdadeiros racistas. Estavam quase a dormir e agora deram-lhes razão para todos termos de os aturar. Não tarda muito e até os apoiantes silenciosos mudam de lado.

Querem saber o que são Vítimas? Aqui está uma:

Oiçam o discurso com atenção. Investiguem a história de, por exemplo, Martin Luther King, ou Ghandi, e aprendam qualquer coisa sobre como derrotar eficazmente o opressor.

Toda a bondade do mundo está em ti, caro ativista!

 

Esta semana um episódio de Fawlty Towers foi apagado do catálogo da BBC por conter linguagem racista. O episódio, gravado em 1975, é considerado um clássico do humor e a linguagem racista surge num contexto de gozar com um dos personagens que é racista. Isso não disse nada à Netflix e aparentemente também não à BBC, ambas pressionadas por críticas de ativistas anti racismo. Após uma explosão nuclear de indignação, a estação estatal britânica voltou atrás. 

Tratou-se, como se trata sempre hoje em dia, de quantidades. As empresas pesam quanto valem os protestantes e agem em conformidade, sendo certo que um tipo de ativista poderá valer até 20 vezes mais do que outro.  

Ao mesmo tempo que isto acontecia, as manifestação anti racistas causavam a mais primária perplexidade. Se se considera que uma manifestação política ultrapassa em prioridade o cuidado com a propagação de uma doença (que só nos Estados Unidos já matou mais de 100 mil pessoas),  a lógica e a verdade científica estarão, na melhor das hipóteses, em quarto ou quinto lugar para muitos que se dizem estar do lado dos injustiçados. De alguma forma isto preocupa-me e põe-me de pé atrás em relação aos militantes radicais. Nada que John Cleese já não tivesse dito há 30 anos atrás, como se pode confirmar no video que se segue.

 

 

 

   

Fechar a janela que a vista é deprimente

Provavelmente é hoje que deixo de ver telejornais.

É inenarrável o estado a que chegou o jornalismo televisivo. Todo, de forma transversal. A quantidade de panfletos ideológicos que nos são servidos como se fossem notícias é inacreditável. E quando digo inacreditável é porque me custa e conceber uma situação destas em democracia. Não estou a falar dos comentadores e especialistas vários que têm toda a legitimidade para “puxar a brasa à sua sardinha” (quase todos puxam para a mesma, diga-se), nem da “linha editorial”, também legítima. Estou a falar de jornalismo, de transmitir a notícia de forma a permitir ao espetador perceber o que aconteceu ou está a acontecer – jornalismo é isto, certo? Factos mutilados, opiniões em vez constatações, tornaram-se a norma, sobretudo em assuntos em que o status quo é posto em causa. Assim não vale a pena. Acho que o melhor é mesmo deixar de ver. Provavelmente é hoje.

Acabou a pandemia?

A DGS e o Governo nada disseram contra os ajuntamentos de milhares de pessoas no sábado. A pandemia está, portanto, extinta. Penso que, com o que não se ouviu por parte das autoridades, os banhistas veraneantes terão suspirado de alívio, legitimados a exercer o seu direito a praia de um modo tradicional, isto é, todos ao molho. Fica só a faltar que hospitais, escolas, funerárias e os milhões que andam de transportes públicos também sejam informados. 

O Racismo aos olhos da Inocência

 

Faltam uns minutos para as 8 da manhã. Eu e a de 9 anos vamos comprar pão. A conversa leva-nos para os motins nos Estados Unidos e para o racismo. Até voltarmos a casa o diálogo é acerca disso e esforço-me para encontrar palavras que deem nota e expliquem a existência do racismo e xenofobia no mundo.

Falo das colónias europeias em África, da escravatura, da segregação racial nos Estados Unidos, do racismo de algumas minorias étnicas, do racismo entre tribos em África, da rivalidade entre clubes e de como, em todos os casos, e aqui é difícil encontrar palavras que ela perceba, se tratou sempre do mesmo: o que começa pelo medo de se perder o que se tem, acaba como cultura que não é interrogada e se toma, por erro, como identidade.

Ela está com as lágrimas nos olhos, não consegue entender como as pessoas podem ser tão más e eu estou com as lágrimas nos olhos por existir esta faceta da humanidade para lhe explicar.

"One More Thing..."

Era só para avisar os mais distraídos que a RTP Memória está a repôr "Columbo", uma série histórica, que fará meio século já no próximo ano, e que nos traz de volta a emblemática gabardine amarrotada do lieutenant, o Peugeot amolgado em plena Los Angels, e a sábia intuição da esposa que nunca vemos em 74 minutos por episódio, em vez da correria treslocada e cansativa dos cameramen para baixar custos de produção, dos argumentos fraquinhos de consumo imediato e da brigada do cotonete em 3D.

columbo.jpg

Como bónus, e como se já não fosse o suficiente, há as bandas sonoras (themes) de Gil Mellé e Henry Mancini (o mesmo de Charlie's Angels, Baby Elephant Walk, Peter Gunn, Pink Panther, River Moon, entre muitas outras obras-primas.) Os castings são sempre bons ou muito bons e os personagens são consistentes porque deram trabalho aos argumentistas.

Se forem a correr à box ainda vão a tempo do primeiro episódio superiormente realizado por Steven Spielberg!

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