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Small Church

Small Church

A culpa

"A história repete-se, o espírito de invenção dos homens move-se num círculo restrito. Sem que pudessem ser suspeitos de plágio, estes reproduzem, com séculos de intervalo, e em terras muito distantes umas das outras, os costumes, as crenças e os rituais de povos de que nunca ouviram falar. Em Lhassa eu iria ter mais uma prova desse facto.

Assim como os Hebreus, os Tibetanos celebram todos os anos uma cerimónia no fim da qual eles expulsam para fora da cidade uma “bode expiatório”. Todavia, este “bode expiatório” tibetano só tem em comum com o da Bíblia a função para que serve: não é um animal, mas um homem consciente do papel que representa.

Os Tibetanos acreditam que certos lamas peritos em magia têm o poder de transferir sobre a cabeça desta vítima voluntária todas as sujidades espirituais, todas as transgressões morais e religiosas do povo, às quais é atribuída a ira das divindades, manifestando-se nas más colheitas, epidemias e outras calamidades.

Assim, todos os anos um homem chamado Lud kong kyi gyalpo é acusado, no decorrer de um ritual especial, com imprecações, de todas as iniquidades do soberano e dos seus súbditos, e expulso para as areias de Samyé."

 

Encontro este trecho no livro Viagem ao Tibete de Alexandra David-Néel, uma francesa que nos anos vinte do século passado se aventurou, disfarçada de mendiga, no território tibetano, então interdito a estrangeiros, e conseguiu chegar a Lhassa, a cidade sagrada onde vivia o Dalai-Lama. Chega quando decorrem as festividades do Novo Ano e esse facto permite-lhe testemunhar algumas das cerimónias mais significativas do Lamaísmo (uma derivação/corrente do Budismo). Uma das cerimónias relatas é a acima transcrita. Tal como a autora, não pude deixar de notar o paralelismo com o que está descrito no Antigo Testamento. A culpa parece ser um peso universal.  

Conhecidos at Plain Sight

José Sócrates afirma que Sérgio Moro foi juiz "indigno" e é político "medíocre".

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/jose-socrates-afirma-que-sergio-moro-foi-juiz-indigno-e-e-politico-mediocre

 

Apesar de não conhecer a personagem, desta vez estou inclinado a achar que Sócrates talvez tenha razão, mas apenas na qualidade de especialista. Farinha do mesmo saco, batatas cozidas no mesmo caldo, chouriço do mesmo açougue, fareja-se entre si à distância.

Quase todas as palavras

 

The attacks on tourists and Easter worshippers in Sri Lanka are an attack on humanity - Barack Obama

 

Uma série de figuras do partido Democrata, como Barack Obama e Hilary Clinton, parecem ter inventado um novo termo, "Easter Worshipper", para se referirem aos cristãos assassinados no Sri Lanka.


Segundo os seus críticos, para a ideologia de esquerda dos Democratas, uma vez que o cristão (do tipo branco e masculino) é opressor, não pode ser nomeado como vitima para que não haja confusão. Assim, como é hábito, cria-se um novo termo, mesmo que exista há dois mil anos um outro exata e perfeitamente preciso.


Dou o beneficio da dúvida porque os americanos têm a sua mente num comprimento de onda muito próprio. Já me dou por satisfeito se deste lado do Atlântico se puder continuar a utilizar as palavras certas.  

 

Michele and I send our condolences to the people of New Zealand. We grieve with you and the Muslim community - Barack Obama

 

 

 

As razões do bicho raro sem smartphone

Entre os 21 a trabalhar no open space, sou o único que não usa smartphone. Não me orgulho nem me lamento.

Antes de mais, esclareço que não sou um ludita (1). Gosto de ficar admirado com os avanços tecnológicos como qualquer outra pessoa. Não vejo razão é para adotar muitos deles, uma vez que acho que não iriam melhorar a minha vida.

Estou lembrar-me da sua cara de sincero espanto, de uma surpresa quase, juro, de repugnância. Mas como é que é possível, nos dias que correm, alguém não usar smartphone, insiste. Digo-lhe que não preciso. Mas dá tanto jeito, argumenta ainda. Tento ser mais específico dizendo que não me faz falta no dia-a-dia e que tenho a sorte de não precisar de uma dessas máquinas para trabalhar. Isto é, não preciso de ir ver o email a não ser quando chego a casa e não uso redes sociais. Acrescento que detesto a ideia de ter a vida demasiado facilitada. A coisa tem de dar luta e um pouco de trabalho. Não me agrada a perspetiva de ter toda essa informação, música e apps da internet sempre comigo. Não me agrada a forma acrítica como as pessoas adotam apps e comportamentos. Não quero cair nisso. Quero estar de um modo efetivo: olhar, ouvir e pensar o que está ao meu redor. Termino com o argumento de que há tempo para tudo durante o dia e prefiro pensar que durante grande parte dele estou por conta da minha mente e não das dos outros, do que andam a fazer, publicar ou do que está a acontecer por esse mundo fora.

Deixo de lado outro tipo de opiniões relacionadas com dúvidas acerca da racionalidade de todos os movimentos e pesquisas poderem ser monitorizados, assim alguém com o poder para isso o queira. E refreio-me porque me lembro de uma outra conversa em que, ao aflorar o tema, alguém um pouco mais novo me mandou logo um “teorias da conspiração” sem apelo nem agravo e acho que com um certo desdém. O que aconteceria se referisse os estudos que ligam o smartphone a aumentos exponenciais de ansiedade entre as crianças e jovens?

Disse que não uso uma dessas máquinas. Não é totalmente verdade. Tenho um smartphone em casa, oferecido há uns tempos, sem cartão SIM. Serve para aceder à internet com o wifi lá de casa, para tirar fotografias e para fazer vídeos. É um mini computador portátil que dá muito jeito de vez em quando e que não é ligado todos os dias.   

De qualquer modo, é interessante o instinto que leva a que todos tenham e façam acriticamente as  mesmas coisas.  É mais assustador que interessante, confesso, mas ainda assim interessante.

 

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(1) lu·di·ta(inglês luddite, de [Ned] Ludd, antropónimo [operário inglês do final do século XIX]); substantivo de dois géneros;-[História]  Membro do movimento inglês do final do século XIX que se opunha à mecanização e à industrialização; Pessoa que se opõe à industrialização ou ao desenvolvimento tecnológico.

O despertar da consciência sindical

Enquanto conduzo para casa, explico às miúdas o que está a acontecer com os combustíveis e porque é que é importante que as pessoas tenham o direito de reivindicar melhores condições de trabalho e salários. Algumas questões e respostas depois, e após um raro momento de silêncio, a de 8 anos diz que, quando chegarmos a casa, vai fazer uma loja no quarto para poder fazer uma greve e pede-me para eu ser o governo, porque quer negociar.

Às vezes parece que habito numa tira da Mafalda e estou-lhes agradecido por isso.

 

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Gestão

A editora envia-me anualmente o relatório das vendas dos meus livros. 

As vendas de 2018 excederam as minhas expetativas, uma vez que, e não contando com o ano de lançamento, o Alçapão, sete anos depois, teve o seu terceiro melhor desempenho e o Terra Fresca melhorou em relação ao ano anterior. Esta ressurreição deveu-se a um fenómeno curioso nas Redes Sociais, em que o Aprendiz de Leitor, um Youtuber, fez uma recensão entusiasta do livro, o que levou outras pessoas a lê-lo e a fazer também boas recensões nos seus blogues e Instagram.

Também é possível verificar que foi no ano de lançamento do Terra Fresca que o Alçapão teve a sua melhor performance. Isto é, os livros novos puxam as vendas dos anteriores. Isto vai de encontro ao que uma vez me disseram, que só ao fim de cinco livros é que existe uma base de público que permite ter, havendo publicação regular, uma trajetória ascendente em termos anuais.       

 

 

 

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O que deve ser notícia?

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Distúrbios em Copenhaga. Alguém ouviu ou leu? Carros incendiados e a Polícia apedrejada. Não? Será suficiente para ser notícia?

Tudo começou com uma atuação de um líder de extrema-direita conhecido por, em outras ocasiões, queimar o Corão, que se foi manifestar para um bairro com muitos muçulmanos através do lançamento ao chão do livro sagrado. Resultado da reação? Ao fim de vários dias, 23 pessoas detidas, muito gás lacrimogénio e criação de zonas de segurança.

Pergunto então de novo se deve ou não ser notícia. Se é verdade que sei que sim, entendo a pouca cobertura dada. Se nesta altura de quase eleições europeias se dissesse que alguns muçulmanos andam a partir tudo em Copenhaga, uma cidade onde todos parecem ser felizes e amigos e cidadãos exemplares, só porque não aceitam as leis do país no que à liberdade de expressão diz respeito, a coisa poderia alimentar a extrema-direita por essa Europa fora. Por estes dias parece que todo o cuidado é pouco.

Grande Dicionário

Sim, foi realmente muito fixe. Por ver um amigo cumprindo um sonho. Por ver esse amigo rodeado de tantos amigos. Foi muito bom lá estar.

Nas páginas finais do Grande Dicionário somos desafiados a acrescentar alguns "disparates" da nossa autoria. Eu não podia ficar quieto perante tal repto e já tomei nota de algumas ideias. Deixo uma delas, em baixo, em jeito de abraço cumplice ao Leão Perplexo neste momento de merecido sucesso. 

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"O Grande Dicionário Gráfico de Disparates"

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Sem que se pudesse prever, a loja torceu com o peso de um rebanho. Era para ter sido um dia importante. Afinal foi um dos melhores dias da minha vida. Um dia em que vi um livro tornar-se uma multidão de amigos e de pessoas que me marcaram a vida toda. E isto em apenas um ponto no espaço. Em apenas uma hora no tempo.

 

Não há palavras que o descrevam, por muito que nos agarremos à etimologia.

 

"Grato. Muito grato."

Como os Metralha

Ainda a o escândalo das nomeações familiares no governo de Portugal.

Quando pensamos que já se tocou no fundo descobrimos que, afinal, ainda é possível descer um pouco mais, que o lodo no fundo do poço ainda dá para enterrar e continuar a descer. Digo isto a propósito da apressada e atabalhoada fuga para a frente com que António Costa e o seu PS tentaram resolver a situação, com a apresentação de uma lei que restringe as nomeações de familiares para o governo e para o parlamento. A minha indignação é esta: como é que alguém que conviveu pacificamente com as cinquenta e muitas nomeações (penso que este número já está desatualizado), que não manifestou o mais leve incómodo moral ou formal, está em condições de propor uma lei para resolver o problema (que, para ele, até há poucos dias não era problema)? Como se pode confiar na verticalidade da lei a propor sabendo que quem faz essa lei não age com sinceridade mas procura apenas a artimanha política para sair de uma situação difícil? Alguém acredita que a lei não estará cheia de “buracos”, qual queijo suíço, que permitam, na prática, manter todo o nepotismo mas agora sob a proteção de um escudo legal? A imagem que me vem à mente é a dos irmãos Metralha, muito sérios, a proporem ao Tio Patinhas um pleno de segurança para a sua caixa forte. Sim, o plano está lá, e do ponto de vista técnico até pode estar razoavelmente concebido (isso pode-se comprar), mas ninguém acredita que não tenha algures um ou outro “ponto fraco” que permita aos Metralha ter acesso aos milhões que tanto ambicionam. É assim que vejo a ação de António Costa. Com indignação e pena, porque é ele que lidera o governo do meu país. 

Pacto com a Felicidade 2 - O Evangelho

Johann Sebastian Bach, na sua Paixão Segundo Mateus, olhando o quebrantamento e real conversão de Pedro após negar Cristo.

 

Tem misericórdia! Tem misericórdia meu Deus!

Pelas minhas lágrimas, 

Olha aqui um coração e olhos

Chorando amargamente perante ti.

Tem misericórdia!

 

 

 

 

 

 

Gestos lentos num arco de silêncio

Sou analítico e persigo traços nos comportamentos que me permitam fixar e estabelecer ligações. Talvez seja um temperamento comum a quem se habituou a escrever ficção. Nos bastidores de cada ação, diálogo ou cena, existe a necessidade de avaliar, ou medir, o peso dos elementos. Poderá ser uma forma de desejo de predição que, acredito, se deva menos a uma vontade de controlo do que a uma mera atitude lúdica. Esta minha característica, no entanto, não se cinge ao que me rodeia, sendo também habitual uma autoanálise por vezes bem menos sensata do que desejável.

 

Tenho, portanto, percebido que nos últimos tempos, talvez desde há um par de anos, venho a diminuir hábitos e expetativas. Primeiro a televisão, depois as redes sociais. A seguir as notícias do mundo da cultura e, por fim, toda e qualquer ambição pública. A apreciação de música foi-se estreitando até chegar a um lugar onde já quase não existem as referências com que cresci, a pop e o rock, e em que é quase omnipresente a música clássica. A leitura, apesar dos trinta livros lidos o ano passado, está agora estacionária numa atmosfera rarefeita em que a alta literatura contemporânea não subsiste e onde só são permitidos pelo meu gosto os objetos luminosos e raros, diria silenciosos, como, por exemplo, Stoner, de John Williams. O cinema está constrangido pelo desejo de um certo tipo de ritmo e guião cada vez mais difícil de encontrar. Mantenho a minha ligação ao que se passa no mundo através das notícias online, podcast e rádio enquanto conduzo ou estou na cozinha.

 

Sinto como que uma necessidade de colocar em marcha um ato gradual de desaparecimento cujo último momento ainda é um grande mistério para mim, até porque entre estes gestos lentos nascem vontades e imagens novas e fortes.

 

Conforme me vou imobilizando, digamos assim, vou admirando cada vez mais os que sabem o que não sei ou fazem o que não consigo fazer. Antes, onde existia uma feia inveja e cobiça, vive agora uma forma simples de maravilhamento e respeito pelo outro que não sei bem explicar. Uma sensação quase tão forte como a de desejar tempo para estar em silêncio, preferencialmente no meio da natureza, como se houvesse alguém que me quer transmitir alguma coisa fundamental que só nessas circunstâncias me poderá ser dita.

 

Isto tudo a propósito de um canal de Youtube chamado My Self Reliance. Há dois anos o seu autor decidiu deixar a vida de cidade e construir uma cabana no meio da floresta. Tem vindo a fazer vídeos dos seus esforços e há uns dias publicou um resumo que vimos lá em casa em família. Foi fantástico.

 

Este tipo tão radical de atitude não é algo que me apeteça, mas é inspirador e faz-me ter cada vez mais uma convicção de que gostaria muito de ter um local assim, retirado, para passar umas semanas por ano, esperando palavras que ainda não conheço.

 

 

Ad Fail - Falo

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A publicidade, e o próprio marketing, têm os seus quês. E os erros são fáceis de cometer. É um campo minado, cheio de truques e armadilhas.

Por exemplo, o Dr. Fal, dá aqui um tiro no pé. Independentemente da qualidade do seu produto, meter aquele símbolo tão perto do nome, faz dele o "Dr. Falo", pelo que se perde algo tão básico como o nome.

Bem... a menos que o target seja outro. Então, tenho de admitir que é uma campanha muito bem jogada!

Agora sim, é oficial: a Primavera chegou!

Quem nos acompanha desde a primeira fase do small church (alguém?... além dos autores...) sabe a que se refere o título deste post. Nessa primeira fase assinalou-se sempre o acontecimento e agora, numa perspectiva de continuidade, faz sentido voltar a fazê-lo. Na verdade, para o autor destas linhas a Primavera só é completamente Primavera com a chegada dos andorinhões (apus apus). Quando se houve os seus pios/gritos, se vê as suas asas em foice (que nos ajudam a distingui-los das andorinhas) e se vislumbra as incansáveis corridas pelos céus, então sim, a Primavera está oficializada. Aconteceu ontem. Primeiro ouvio-os e, depois de alguma procura, vi o primeiro andorinhão do ano. Lá mais para o Verão serão muitos mais a animar os fins de tarde na zona antiga da cidade. Há quem os confunda com as andorinhas ("o macho da andorinha", é uma resposta tradiconal) mas não são andorinhas. Aliás, são uma ave com o seu quê de extraordinário. A mais aérea das aves. Raramente pousam, só não conseguem chocar os ovos em voo, de resto fazem tudo no ar. Fica uma imagem para reconhecimento ( na net podem saber e ver mais). Já há andorinhões na vossa terra?

 

A Lua foi uma colónia Nazi - Os insiders do Space Secret Program

Nota: o meu interesse no fenómeno Ovni e na existência de extraterrestres tem a ver com a minha curiosidade pelo comportamento humano e pela sua incrível capacidade em acreditar no que o bom senso considera inacreditável. Eu não acredito em ovnis e em extraterrestres. O título da série tem a ver com uma das mais espetaculares especulações da comunidade da ufologia segundo a qual os nazis teriam capacidades técnicas para voo interestelares e que após a sua derrota na 2ª Guerra Mundial teriam construído colónias na Lua, em Marte e na Antártida.

 

Um dos mais recentes ramos do fenómeno OVNI é o que trata das revelações de ex-soldados ligados a uma força militar espacial constituída por humanos chamada Secret Space Program. Estes insiders são pessoas que terão tido as suas memórias reprimidas pela SSP e que, a partir de determinado momento, começaram a lembrar-se da sua vida como soldados, por exemplo em Marte, em que se relacionaram com extraterrestres. Este programa é ultra secreto e nem os próprios líderes mundiais sabem dele. A tecnologia usada é incrivelmente avançada.

 

O enredo desta narrativa contempla bases na Lua, humanos espalhados por toda a galáxia colaborando com várias raças alienígenas aliadas e uns inimigos terríveis chamados Draco, parecidos com répteis, que têm a particularidade de terem sido aliados de Hitler durante a 2ª guerra mundial, que acham que a Terra lhes pertence por direito e nos consideram simples animais.

 

Corey Goode é o mais famoso deste tipo de pessoas ligadas ao SSP e tem ganho notoriedade, e muito dinheiro, desde que apareceu em cena. Com uma narrativa mais desenvolvida do que os outros, Goode é uma superestrela no meio. Lançou em 2018 o filme “Above Majestic”, um documentário que esteve no topo das audiências do itunes durante semanas. A espiritualidade é apresentada como o único caminho para se salvar a Terra e para que todos os factos relacionados com a presença de extraterrestres venham a ser conhecidos.

 

 

Mandonna

"Já dei tanto a este país." - Madonna

https://lifestyle.sapo.pt/fama/noticias-fama/artigos/madonna-nao-gosta-de-ser-contrariada

 

Espera lá... not so fast. Há aqui tanto a dizer. Recentemente, aquilo que mais deu a este país foi a noção de que quem tem dinheiro a rodos pode fazer o que quiser com os políticos-marionetes.

Pronto, já disse.

E essas histórias depois passam para o resto do planeta, via internet, como manteiga a derreter numa torrada acabadinha de saltar. Não tarda nada temos aqui essa palhaçada toda dos amigos de Beverly Hills a virem para cá tratar-nos como empregados burros, deixando um dolar em cada mão.

 

Mas no passado deu outras coisas, é verdade. Uma para que contribuiu, foi, por exemplo, miúdas da minha idade, quando éramos jovens, quererem ir tanto conhecer o misterioso e deslumbrante frio da noite, fugindo do calor rígido de casa, ouvir essas músicas do top, que entravam loucas numa discoteca para entender like a virgin e saíam da madrugada material girls, despedaçadas no ânimo e prontas para serem adultas o resto das suas vidas, apesar de serem apenas miúdas.

Outra coisa que comprovou na prática para todo o mundo, e não só para a Lusitânia, é que, para ser "raínha" seja daquilo que for, não precisa de ser competente naquilo que faz. Em estúdio vai escapando. Mas, apesar de nunca a ter visto ao vivo (para que quereria eu tal coisa?) não me lembro de, em toda a minha vida ter visto uma "artista de nível mundial" - ainda que na televisão - desafinar tanto. Credo! Foster Jenkins faria melhor. Zé Cabra não daria conta dos erros. Mas talvez não seja assim tão mau como acho, visto que ela acerta as notas pelo menos duas vezes em cada canção: uma quando ela vai a subir e a música vai a descer, encontrando-se as notas pelo caminho; e outra quando ela vai a descer e a música a subir, com idênticos resultados.

 

Mas porque o tema é "dar tanto a este país", eu posso tentar explicar o que acho ser isso. Dar muito a este país começa por ser amá-lo. Com os defeitos que tem e com as muitas, excelentes coisas que tem.

Dar muito a este país é crescer com pessoas que gostamos e com outras que não, e ainda aprendermos com todas. É estarmos colectados nas finanças. É fazermos a nossa carreira escolar como pudermos. É procurarmos emprego. É sermos pretos e brancos. Pobres e ricos. Estarmos à rasca. É voltar a casa. É ir de férias à terra, se a tivermos. É pagar impostos e empréstimos. É sermos voluntários. É ver televisão, ir à bola. É ir a Paris de avião. Comprar caramelos em Badajoz. É irmos passear os cães à chuva. Ir às compras. Ajudarmos os outros. Cuidar dos nossos e dos que pudermos. É ir de carro. Coçar as costas na ombreira da porta. Ficar no sofá. Ir à festa de aniversário. É estar triste ou contente. É achar normal que nos proíbam de levar um cavalo para dentro de um palácio.

 

Para dar mais a este país, só vejo uma hipótese: regresse ao seu.

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